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Inclusão

Inclusão e construtivismo na Escola Verde

05/04/2021

 

 

por Marcela Garcia Fonseca

A inclusão escolar é uma construção conjunta entre pais, professores, coordenadores, direção e toda a coletividade escolar. Trata-se de um processo paulatino, constante e incessante. 

Certamente a experiência de inclusão não será igual para uma ou outra família. Eu tampouco tenho a receita para essa relação. Mas acho importante relatar nossa experiência com a escola durante este período de relacionamento. E como é uma experiência que vem sendo bastante exitosa, tenho certeza de que o registro é válido. 

A inclusão é fruto de muito trabalho conjunto, muita reunião, muito interesse, muita vontade em compartilhar e em trabalhar em equipe, algo fundamental para se alcançar um objetivo comum (e não um objetivo individual). Exatamente, porque, ao contrário do que pode parecer, a inclusão não serve para incluir uma pessoa, mas para que todos os alunos se sintam parte de um todo, para que nenhum se sinta excluído ou fora do contexto. Uma das ideias-força por trás da educação inclusiva é “unidade na diversidade”.

O relato também é importante porque estou segura de que com informação e conhecimento, além da convivência, deixamos as nossas possíveis dúvidas de lado e passamos a mergulhar em um mundo de respeito ao outro, de compreensão sobre o quão valorosa é a inclusão. Essa inclusão a todo o vapor, em todo o seu potencial, algo que vamos aprendendo sempre, é uma construção. 

Na Escols Verde temos vivenciado grande abertura para a inclusão do nosso filho Henrique, que tem T21, (síndrome de Down). Temos realizado reuniões, ações conjuntas e parcerias entre a escola e as terapeutas que assistem o meu filho fora da escola. Ao longo desse ano o  foco foi compartilhar o que está em andamento durante a semana, quais foram os desafios superados e qual o conteúdo será trabalhado na sequência. Para que toda essa comunicação acontecesse, adotamos um caderno virtual. 

Os eixos temáticos comuns ajudam a mantermos o reforço e o estímulo em cada atividade trabalhada na escola. Entendemos que com toda essa informação adicional, temos um arcabouço maior para o estímulo e o aprendizado.

O projeto de inclusão deve ser pensado, estruturado, esquematizado com antecedência para adequar-se ao projeto pedagógico escolar, ao plano de ensino de cada professor e, principalmente, às necessidades e habilidades de cada aluno. E todo esse trabalho prévio deve ser apresentado ao corpo docente, aos pais, e aos alunos, sempre no sentido de construir pontes e clarões que servem como guias diante dos desafios que se apresentarão. 

Quer seja instigado pelos pais das crianças, quer seja pelos professores e coordenadores da instituição de ensino, todo processo de inclusão apresenta desafios no meio do caminho a serem compartilhados e resolvidos de forma conjunta. O último deles, fruto da pandemia, foi a utilização de máscaras com o visor transparente, para que se possa ver a boca das professoras. Tal inserção permite que os alunos compreendam de forma mais clara o que a professora fala porque podem ver o seu gesticular. 

Também há adaptação curricular em relação à forma de aprendizagem, uma vez que as pessoas com T21 necessitam mais do conteúdo visual para a sua compreensão. Assim, o recurso visual está sempre presente nos momentos de ensino-aprendizagem. Tanto a questão do recurso visual, como a materialização do conteúdo (menos abstração e mais concretude no ensino, como por exemplo, no ensino básico de matemática), bem como o reforço do conteúdo, com a sua repetição, são todos recursos que ajudam a tornar a aprendizagem mais fluida, com exemplos concretos e do mundo real. 

O construtivismo se utiliza de cenários, situações e materiais de toda ordem no processo de ensino. Algo importante a se valer no processo de inclusão escolar, pois todos esses artifícios tornam o ensino mais atrativo para professores e alunos. A inclusão beneficia todos os alunos. Ela melhora a qualidade do ensino, melhora a qualidade da aprendizagem, faz aumentar o interesse do corpo docente e inexoravelmente, despertará maior curiosidade no corpo discente. 

Estou pessoalmente segura e com o respaldo de evidências trazidas por estudos de médicos, pesquisadores, cientistas, professores e educadores, de que a inclusão é um jogo de ganha-ganha. Ou seja, trata-se de uma cooperação, benéfica não somente para as crianças com deficiência, mas na mesma proporção, benéfica para as crianças sem deficiência também.

Além dos já elencados acima, destaco ainda alguns benefícios que advém da convivência entre pessoas diferentes, uma vez que a inclusão permite essa reflexão, qual seja, em torno da singularidade. Significa dizer que a inclusão permite que nos vejamos todos como pessoas diferentes, únicas e singulares. Eis a maior característica e riqueza do ser humano. 

Desta convivência entre pessoas com e sem deficiência, novos desafios são gerados, e novos desafios promovem novas conexões cerebrais, maior expansão neuronal e maior inteligência. Daí advém alguns superlativos, tais como maior compreensão do mundo, maior tolerância, e ainda a maior acepção de alguns valores humanos, tais quais: a compaixão, a bondade, o respeito, a humildade, a paciência. 

Todos esses valores, ao contrário do que se pode pensar (diante de um mundo individualista, egocêntrico e imediatista), são os valores mais avaliados ultimamente na contratação de empresas públicas e privadas, tanto nacionalmente quanto em empresas multinacionais. São as chamadas soft skills. Ninguém quer como colega de trabalho ou como chefe uma pessoa desumana, egoísta, que semeia rivalidades, sem o menor senso de empatia.  

Tudo isso para dizer que a escola inclusiva é a escola do presente e a escola do futuro. Que felicidade termos nossos filhos estudando e aprendendo juntos nessa convivência em que todos ganham. Saber que esta convivência entre nossos filhos é muito benéfica a todos eles, não somente para o agora, mas que também produzirá frutos ao longo de suas vidas, e que surtirá muitos efeitos positivos, é muito reconfortante. 

Há muitas formas de se realizar a inclusão. E há muitas formas do construtivismo abraçá-la. Nossa família se sente abraçada pela inclusão que ocorre diariamente, em uma sintonia fina e uma construção conjunta, uma verdadeira sinergia que ocorre com total abertura, respeito e flexibilidade entre as professoras, a coordenação, os coleguinhas e seus pais e com o apoio da direção, na Escola Verde. Sabemos que ainda temos muito a aprender e muito a construir juntos nessa caminhada, mas também já aprendemos bastante e já sabemos que os passos que demos até este momento, seguramente beneficiarão a todos os alunos, a toda a comunidade escolar e a todos os alunos com alguma deficiência que poderão unir-se a nós nessa caminhada. 

 

Marcela Garcia Fonseca é advogada, ativista fundadora da rede @Downsinmitos e criadora do site www.papinhasforadeserie.com

 

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